Foi amor à primeira sílaba. Quando descobri as orações e períodos, os textos e contextos, então, nem se fala. Me apaixonei perdidamente. Paixão por contar a vida, por imortalizar os fatos, por narrar um cotidiano nada previsível. Esse é o caso antigo que mantenho firme desde que me revelaram este tão nobre ato de escrever.
Quem sou eu
- Ana Gabriella Sales
- Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Umidade relativa, bem relativa
Sorridente, a garota do tempo anuncia: 'Céu claro, temperatura mínima de 17 e máxima de 26 graus na tarde desta sexta-feira. Umidade relativa do ar fica em 34%'. Clima e paisagem desérticos invadem a capital nessa época. Canteiro central da esplanada vira palha de fácil combustão. Céu azul sem nuvens, mas com grandes borrões de poeira. Sol de escaldar no meio da tarde e vento frio e seco durante a noite. Esses são recortes do cenário brasiliense nos meses de outono/inverno. Período em que nos assemelhamos às Vidas Secas de Graciliano. Peregrinos nesse sertão em pleno Planalto Central. Boca, olhos, pele, garganta, tudo seco, não fosse pela umidade relativa da emoção. Sim, lágrimas que brotam elevando a marca para 100%. Motivos não faltam. Elas vêm, gota a gota, molhar essa paisagem austera. Às vezes o choro vem em cascata, incontido, regando tudo ao redor para fazer brotar um renovo, um sorriso, um motivo para secar os olhos e prosseguir. O choro é necessário para desafogar a alma, o coração. Para ajudar a vencer a secura das circunstâncias e dos fatos. Para aumentar a umidade relativa do nosso ar. Ah, se aqui tivesse mar, talvez não fosse preciso chorar, só de alegria.
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