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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Bravo!


Música. Idioma universal, que dispensa tradução, legenda e afins. Toca a alma, antes de mais nada. Toca quem toca e toca quem ouve. E não há como ficar imune aos seus efeitos, capazes de arrebatar a plateia mais fria, o ouvinte mais cético, o rabugento, o triste, o infeliz. E lá vem ela, com seus acordes, pausas, mínimas, semínimas e semibreves, colcheias e semicolcheias, staccatos, fermatas e firulas, provar que é, sim, um santo e milagroso remédio. Devolve a leveza, a contemplação, o sonho, o devaneio, o sorriso, ainda que discreto, no canto da boca. E um dos seus poderes mais sublimes: devolve memórias, momentos, lembranças guardadas que afloram, embaladas na escala perfeita maior. Música é ciência, é dedicação exclusiva, é ministério e sacerdócio. E por que não simplificar tudo isso. Música é paixão, de quem ouve e de quem toca. Como uma bailarina se esmera em conseguir o movimento perfeito, o músico tem a nobre missão de fazer a trilha sonora da vida. Porque a vida sem música é deveras triste, rabugenta e infeliz. Sustenidos, bemóis, bequadros. Claves, notas, pautas. Esse é um universo particular que torna-se universal a partir do momento que sai do papel para virar som. Quem tem ouvidos, ouça. E seja feliz!

Obs: Texto inspirado na abertura de mais um Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília, em 14.01.14. Vale a pena ver, ouvir e sentir. Bravo!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Velha, eu?

Sou do tempo em que a EPTG era uma linda alameda de eucaliptos, com um ar puro e fresco, sem trânsito caótico, sem pardal, sem viaduto. Uma linha reta, pra ir e voltar de Taguatinga, sem Águas Claras no meio. Vicente Pires também era apenas parte da paisagem, com alguns chacareiros e produtores rurais, sem sobrados, mini-prédios ou buracos na pista. Só estradinhas de terra ali pelo meio. Também sou do tempo em que o Sudoeste era um imenso canteiro de obras. Uma parte obscura em frente ao Parque da Cidade, com estandes de vendas que se espalhavam pelo meio do caminho. Por falar em Parque da Cidade, ele tinha um portão de ferro nas principais entradas, que era fechado de vez em quando. Os jardins e as lindas fontes da Praça das Fontes eram um paraíso para a criançada e instigavam a imaginação e muitas brincadeiras. Hoje estão abandonados. Mas o foguete do parquinho Ana Lídia continua lá, ainda bem. Vai continuar fazendo parte da história de muita gente. Nesse passeio pelas ruas de Brasília e pela memória, também recordo do prédio fantasma que ficava ao lado do Venâncio 2000. Uma estrutura de lajes cor de concreto ao lado de uma grande descida para as docas. Hoje é o Pátio Brasil. E o Brasília Shopping? Esse não existia nem no papel. Ah, o ParkShopping, esse era um recém-nascido, pequeno, aconchegante, sempre com vaga no estacionamento, também pequeno. A decoração interna não era de orquídeas, mas de pequenas árvores. Ao invés de HotZone, a cobiçada Divertilândia. Tinha também a Mesbla. Nada de Renner. McDonald's também era um só. E a pipoca do cinema ainda tinha preço de pipoca. Na área externa, sempre aterrissava o Ita ou o Playcenter, alegria da molecada. Estes sim, davam filas quilométricas nos brinquedos, especialmente na novidade que era o Kamikaze. Para não ser injusta, cito o Conjunto Nacional, com a fachada sempre colorida e iluminada, isso não mudou (só a forma), e as Lojas Brasileiras e Pernambucanas no térreo. Continuando a viagem no tempo, a Praça dos 3 Poderes era point das famílias no fim de semana, munidas de milho para os pombos e para os patos que ficavam no espelho d'água atrás do Congresso. As cúpulas da Câmara e do Senado também não eram isoladas, para a alegria do povo. Ganhava quem escalasse mais alto a do Senado. Indo um pouco mais longe, os condomínios do Colorado eram apenas demarcações de lotes, a preço de banana. Nada de comércio organizado por ali. Casas, só na planta. Bom, esquina ainda não tem por aqui. E quando parece que tudo mudou, vem o Noroeste, um sem número de condomínios lá pro lado do Jardim Botânico e um Mangueiral onde não se avista uma mangueira sequer. Ainda há muito para lembrar e para mudar. Mas isso fica para uma próxima. Por enquanto, a única certeza é que, sim, estou ficando velha. Nem a querida kombi, tão comum nas largas avenidas de Brasília, resistiu ao tempo, que passa para todos. E se relembrar é viver, vivo feliz com meus 30 anos de Brasília. (Em breve Velha, eu? parte 2)


Borboletas

Não digo que o blog ficou às moscas por longos meses, prefiro dizer que ficou às borboletas. Elas são símbolo da metamorfose pela qual passei no último ano. Uma mudança radical, intensa, imensa, linda. Como anunciei aqui, fui promovida de apenas filha para mãe, com todo o significado que essa palavra traz. Pensei até em criar um outro blog voltado para as aventuras da maternidade, com espaço para contar tantas novidades que surgem a galope a cada dia. Mas também não tive tempo. Aliás, a falta de tempo é um dos sintomas dessa transformação. Mas disso não reclamo. O tempo ao lado do Davi é tão gostoso que sigo sem pressa. Sábias mães experientes já me alertavam: curta cada momento porque passa muito rápido. É o que estou fazendo. A gente deita e rola, dá gargalhada, ele me ensina, eu aprendo, eu ensino, ele aprende. Uma troca constante e maravilhosa, sem qualquer exagero. A retrospectiva de 2013, portanto, não caberia em algumas frases, mas num Romance completo com centenas de páginas. Elas estão todas escritas na memória e no coração, e também num caderninho de lembranças que tento atualizar a cada mês com recortes, fotos e a evolução do bebê. Mas quero voltar voando para esse Caso Antigo, tal qual a borboleta. Que esse ano traga novos voos, novas paisagens, novas emoções. Disso não tenho dúvida. Um feliz, intenso e imenso 2014 para todos nós. Viva a leveza da vida e as cores do tempo, pintado à mão pelas nossas escolhas. Que seja uma rica aquarela de realizações, com a pincelada marcante do amor.