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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Ouro olímpico


Agora é fato. Londres está logo ali, depois de uma breve travessia que certamente marcará minha trajetória. Turismo passa longe do objetivo da viagem. Como repórter, vou acompanhar a presidente às Olimpíadas 2012, quando o Brasil acionará o cronômetro para a contagem regressiva rumo a 2016. E numa cobertura presidencial, obviamente, o que importa é o estritamente oficial, tudo ao redor se torna coadjuvante. Mas, nesse caso, não dá para chamar de coadjuvantes os melhores atletas do mundo. Embora no centro da minha pauta não estejam os novos recordes, medalhas e a superação dos pódios, farei, ainda que por alguns instantes, parte desse sonho olímpico. Sonho que acalento desde os meus 13 anos, quando, extasiada, assisti à abertura das Olimpíadas de Atlanta pela TV. Infelizmente não estarei entre os 80 mil especadores dessa fantástica cerimônia dentro do Estádio Olímpico de Londres. O espaço é concorrido e tem restrições até para comitivas de chefes de Estado. Mas estarei mais perto que nunca dessa realização, certamente trazendo à memória grandes feitos como o da minha xará, Gabrielle Andersen, maratonista suiça imortalizada pela persistência e coragem de concluir o percurso em 1984, mesmo que cruzasse a linha de chegada com passos trôpegos e quase desacordada. Essa foi a marca do espírito olímpico, e é com esse espírito que sigo para Londres. Na bagagem, mais que uma missão corriqueira, cheia de deadlines e desafios diários, mas a certeza de que essa maratona renderá uma experiência que vale ouro.

domingo, 8 de julho de 2012

Rio+20. Missão cumprida (e comprida).


Por dez dias ininterruptos no mês de junho, o dicionário mundial parecia trazer apenas palavras repetidas e, por vezes, redundantes, porém, necessárias. Sustentabilidade, economia verde, empregos verdes, e por aí vai. Além de marcar os 20 anos da Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, quis olhar para um futuro a longo prazo, para as próximas duas décadas. Mais de cem chefes de Estado discursaram por horas a fio, centenas de eventos simultâneos se espalharam pelo Rio de Janeiro, palestras e debates intermináveis arrancaram até cochilos da plateia. Enquanto isso, eu e outros cerca de 4.500 colegas jornalistas do mundo todo fazíamos a cobertura desse megaevento. Numa perspectiva mais otimista, trabalhamos 12 horas por dia. Mas tudo em prol da missão que nos foi delegada: noticiar o que seria desenhado para as próximas gerações, pelo menos na teoria. Já era madrugada quando o chamado Rascunho Zero se tornou, oficialmente, o documento final da Conferência, processo liderado pelo Brasil no segundo tempo da prorrogação. Ainda era cedo quando a notícia da morte da tia Vi caiu como uma bomba no quarto do hotel, e de lá não saí por um dia. Já era noite quando deixamos o centro de convenções Riocentro pela última vez, com a sensação de dever cumprido, por mais piegas que essa expressão pareça. Agora, resta saber se os líderes mundiais vão fazer o dever de casa e diminuir a emissão de gases do efeito estufa, adotar novos padrões de consumo e erradicar, finalmente, a pobreza extrema, para que esta conferência não tenha sido apenas um capítulo de alguma história da carochinha, perdida no tempo e no espaço. Afinal, há quem diga que a Rio+20 foi um fracasso, que as expectativas foram frustradas, que tudo não passou de palavras demagogas que países ricos não assinam embaixo. Manifestações populares também tomaram as ruas do Rio para discordar de posições adotadas pelos países em 50 páginas de documento. Enquanto jornalista, acredito no poder da informação para instigar reflexões e formar opiniões e, enquanto cidadã, acredito na validade da Conferência para chamar a atenção global. Me orgulho de ter participado desse desafio em equipe. De ter testemunhado o mesmo movimento que meus pais vivenciaram na Eco 92, quando eu era só uma criança. De ter acompanhado de perto os rumos que o planeta está tomando nesse tripé que pretende dar mesmo peso ao desenvolvimento econômico, social e ambiental. Não posso prever os próximos vinte anos, mas de uma coisa eu sei. O Rio de Janeiro continua lindo.
Orla de Copacabana