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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

domingo, 7 de outubro de 2012

Retirante


Calor insuportável. Secura mortal. Falta de ar e de mar. Já disse e repito. Meus pensamentos e minha inspiração são tais quais os retirantes do sertão. Fogem para longe, numa frustrada tentativa de encontrar um oásis em que possam se refrescar e voltar a frutificar. Mas enquanto o tempo estiver assim, tudo não passa de miragem. Será o fim do mundo e das palavras? A fonte secou. O fogo se alastrou rápido. Só fuligem por todo canto. Nem sinal de chuva. Nem sinal de mim.

Em breve espero poder voltar com notícias frescas, colhidas do pé, e regadas de um novo ânimo, porque assunto não falta. E muita novidade.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A segunda impressão

De novo a cosmopolita Londres. A segunda impressão foi a de uma capital acolhedora de gente de todo o mapa. Ao passar por uma galeria de fotos, retratos gigantes de desconhecidos de vários países pareciam me encarar, me perseguir, até se revelarem comuns e iguais a tantos outros rostos que já vi. Apressei o passo para fugir, mas na abarrotada Oxford Street é difícil não esbarrar em alguém menos apressado. Comprei um waffle só pelo cheiro que ele indiscretamente espalhava pela rua e também uma caixa de bombons para meu amor. Mas meu objetivo nessa andança era forrar o estômago, vazio há cerca de oito horas. Então optei por um Fish and Chips para começar bem a nova maratona, dessa vez, paralímpica. Que venham as medalhas, os retratos, as memórias e outras impressões, porque todas elas ficam.  Good night.


Alguns flashes dessa cobertura especial e inesquecível:





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O lugar onde cabem os sonhos

Quem cabe no seu todos? A provocação da comunicadora Cláudia Werneck sobre direitos das pessoas com deficiência me instiga há uma década. Afinal, se o Brasil é, de fato, um país de todos, como diz o conhecido slogan, esse todos precisa ser íntegro, sem múltiplos pesos e múltiplas medidas. Há algum tempo, temas como acessibilidade e inclusão estão mais presentes na pauta do dia, mas essa pergunta ainda não quer calar. Ecoa como um estribilho. Quem cabe no seu todos? A impressão é de que ainda existem dois mundos imaginários, tais quais a linha do Equador, um com e outro sem deficiência. E, no ar, uma falsa sensação de igualdade em meio à diferença, quando na verdade o mosaico da diferença que deve dar sentido à promoção da igualdade. Uma reviravolta de conceitos, preconceitos, educação e cultura. Mas se exclusão foi palavra-chave no dicionário da desigualdade por séculos a fio, que ela mesma seja agora excluída do vocabulário dos direitos. Direitos de todos e de cada um. De ir e vir, de ser, de sentir, de sonhar sonhos que cabem, todos, num mesmo espaço chamado respeito. Espaço em que o intolerante é o único descabido, e intolerável.

Escrevo esse texto às vésperas de embarcar para um grande projeto de cobertura das Paralimpíadas de Londres 2012. Onde superação será a palavra de ordem. Minha e dos atletas.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Novos projetos, novas histórias

Londres ficou para trás, mas já se aproxima novamente. Em poucos dias vou mergulhar de cabeça no esporte paralímpico. Um projeto profissional, um sonho pessoal, mais um desafio. Espero reencontrar exemplos de superação como os recordistas Terezinha Guilhermina, do atletismo, e Daniel Dias, nadador que será o porta-bandeira do Brasil. Espero também ter tempo de contar histórias, afinal, o Caso Antigo se propõe a isso, mas tem andado abandonado. Espero me redimir. Quanta esperança.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Ouro olímpico


Agora é fato. Londres está logo ali, depois de uma breve travessia que certamente marcará minha trajetória. Turismo passa longe do objetivo da viagem. Como repórter, vou acompanhar a presidente às Olimpíadas 2012, quando o Brasil acionará o cronômetro para a contagem regressiva rumo a 2016. E numa cobertura presidencial, obviamente, o que importa é o estritamente oficial, tudo ao redor se torna coadjuvante. Mas, nesse caso, não dá para chamar de coadjuvantes os melhores atletas do mundo. Embora no centro da minha pauta não estejam os novos recordes, medalhas e a superação dos pódios, farei, ainda que por alguns instantes, parte desse sonho olímpico. Sonho que acalento desde os meus 13 anos, quando, extasiada, assisti à abertura das Olimpíadas de Atlanta pela TV. Infelizmente não estarei entre os 80 mil especadores dessa fantástica cerimônia dentro do Estádio Olímpico de Londres. O espaço é concorrido e tem restrições até para comitivas de chefes de Estado. Mas estarei mais perto que nunca dessa realização, certamente trazendo à memória grandes feitos como o da minha xará, Gabrielle Andersen, maratonista suiça imortalizada pela persistência e coragem de concluir o percurso em 1984, mesmo que cruzasse a linha de chegada com passos trôpegos e quase desacordada. Essa foi a marca do espírito olímpico, e é com esse espírito que sigo para Londres. Na bagagem, mais que uma missão corriqueira, cheia de deadlines e desafios diários, mas a certeza de que essa maratona renderá uma experiência que vale ouro.

domingo, 8 de julho de 2012

Rio+20. Missão cumprida (e comprida).


Por dez dias ininterruptos no mês de junho, o dicionário mundial parecia trazer apenas palavras repetidas e, por vezes, redundantes, porém, necessárias. Sustentabilidade, economia verde, empregos verdes, e por aí vai. Além de marcar os 20 anos da Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, quis olhar para um futuro a longo prazo, para as próximas duas décadas. Mais de cem chefes de Estado discursaram por horas a fio, centenas de eventos simultâneos se espalharam pelo Rio de Janeiro, palestras e debates intermináveis arrancaram até cochilos da plateia. Enquanto isso, eu e outros cerca de 4.500 colegas jornalistas do mundo todo fazíamos a cobertura desse megaevento. Numa perspectiva mais otimista, trabalhamos 12 horas por dia. Mas tudo em prol da missão que nos foi delegada: noticiar o que seria desenhado para as próximas gerações, pelo menos na teoria. Já era madrugada quando o chamado Rascunho Zero se tornou, oficialmente, o documento final da Conferência, processo liderado pelo Brasil no segundo tempo da prorrogação. Ainda era cedo quando a notícia da morte da tia Vi caiu como uma bomba no quarto do hotel, e de lá não saí por um dia. Já era noite quando deixamos o centro de convenções Riocentro pela última vez, com a sensação de dever cumprido, por mais piegas que essa expressão pareça. Agora, resta saber se os líderes mundiais vão fazer o dever de casa e diminuir a emissão de gases do efeito estufa, adotar novos padrões de consumo e erradicar, finalmente, a pobreza extrema, para que esta conferência não tenha sido apenas um capítulo de alguma história da carochinha, perdida no tempo e no espaço. Afinal, há quem diga que a Rio+20 foi um fracasso, que as expectativas foram frustradas, que tudo não passou de palavras demagogas que países ricos não assinam embaixo. Manifestações populares também tomaram as ruas do Rio para discordar de posições adotadas pelos países em 50 páginas de documento. Enquanto jornalista, acredito no poder da informação para instigar reflexões e formar opiniões e, enquanto cidadã, acredito na validade da Conferência para chamar a atenção global. Me orgulho de ter participado desse desafio em equipe. De ter testemunhado o mesmo movimento que meus pais vivenciaram na Eco 92, quando eu era só uma criança. De ter acompanhado de perto os rumos que o planeta está tomando nesse tripé que pretende dar mesmo peso ao desenvolvimento econômico, social e ambiental. Não posso prever os próximos vinte anos, mas de uma coisa eu sei. O Rio de Janeiro continua lindo.
Orla de Copacabana

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Mais que vencedora

Uma parte de mim se perdeu pelo caminho. Uma parte do sorriso, da música, da serenidade. O chão se abriu de novo e caí a uma velocidade angustiante. Quando cheguei ao fundo, só encontrei a saudade, dolorosa como ela só. Aos poucos, os sentidos voltaram à tona e me lembrei de que a tia Virgínia já não sofria mais, mas desfrutava de algo que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram. Ela nunca abandonou a batalha. E sabia quem estava no controle de tudo. Seu legado ficou em forma de lembrança. Das gargalhadas que demos juntas, da determinação com a qual ela trabalhava, da generosidade com a qual nos recebia, do seu estilo único de ser, cheio de estampas, cores e badulaques, das palavras que ela escreveu e disse, das peças que encenou para propagar o amor de Cristo, do testemunho que tanto nos inspirou e inspira. Na verdade, ainda não consigo acreditar que não vou ouvir mais aquela doce voz nas nossas longas conversas ao telefone. Mas consigo acreditar que ela queria que nós continuássemos firmes. Porque ela está bem agora. E em paz. E é por isso, e por muito mais, que ela foi mais que vencedora.

domingo, 3 de junho de 2012

Danke schön


Em meados de fevereiro desse ano, chego ao trabalho para uma sexta-feira comum. Sento-me para fazer login e ver a pauta do dia, quando, de repente, avisto o coordenador de reportagem vindo em minha direção. 'Você vai pra Alemanha'. Assim, sem rodeios, sem mais detalhes, simples e direto. Com cara de surpresa, pergunto: quando? 'Semana que vem', ele responde. Mais uma missão se aproximava, afinal, oportunidade não se amassa e joga fora. Pouco tempo para preparar tudo, tomar pé do planejamento da cobertura presidencial, incluindo flashes diários e matérias para TV e rádio e, ainda por cima, arrumar a mala para o inverno europeu. Dentro de poucos dias, lá estava eu, cruzando de novo o Atlântico, para uma terra desconhecida, com muita expectativa na bagagem. Hannover era meu destino, com uma conexão em Frankfurt. A essa altura, impossível não lembrar de Adorno e Horkheimer, das antigas aulas de teorias da comunicação. No caminho, sento ao lado de uma alemã, moradora de Hannover, que voltava de um intercâmbio de cinco meses em Buenos Aires. Ela gentilmente topou me ensinar algumas expressões básicas. 'Danke schön' foi uma delas, que quer dizer 'muito obrigado'. Foi, de fato, uma grata surpresa pisar naquele lugar. Apesar de ter tido a mala extraviada pela primeira vez (e devolvida horas depois no hotel), convivi com renomados colegas de profissão, como o jornalista Marcos Uchôa. Cobri a visita da presidente Dilma Rousseff à maior feira de tecnologia do mundo, num imenso centro de convenções, que parecia uma cidade, com dezenas de pavilhões. Vi a barra de ferro cair no pé da presidente, enquanto ela nos falava sobre os efeitos da crise e a desvalorização das moedas. Lidei com o mau-humor de alguns taxistas alemães. Mas devo dizer que uma das coisas mais estranhas foi ouvir o hit 'Ai se eu te pego' tocando numa rádio alemã dentro de um outro táxi. Na conexão de volta, aproveitei as poucas horas em Munique para pegar o metrô e ir até o centro da cidade com a equipe. Que lugar impressionante e grandioso. Antes de voltar pra minha terra natal, tive a exata noção de como somos crianças perto do velho mundo. Como cantou Renato, somos tão jovens. E Brasília, então, é um bebê recém-nascido, ainda nos cueiros. A vida acontece de novo de forma surpreendente e gratificante. Muito trabalho, muita ralação, mas muita experiência boa na bagagem de volta, como sempre. Por isso, mais uma vez repito: Danke schön! A Deus, por me permitr mais essa oportunidade, à família, pelo apoio imprescindível, e a todos que contribuíram para o sucesso de mais uma árdua cobertura!

Gravando nas ruas de Hannover


Faixas espalhadas pela cidade dão boas-vindas ao Brasil
Na montagem da Cebit - Feira de Tecnologia da Informação e Comunicação



Manifestação na Cebit

Como dizem, tinha mais jornalista que gente (risos)

E os guias tentando organizar tudo

Lá estavam elas sob os holofotes

Colega de cobertura

Dilma e Merkel com estudantes

Mais parceiros de cobertura

Dentro da imensa área do Centro de Convenções

Equipe no carro de geração
 
Linguiças e chucrute para matar a fome

Despedida de Hannover. Dever cumprido! Valeu equipe!
Aproveitando a conexão em Munique com mapa na mão.


Munique no fim da tarde

Ruas de Munique




Barraquinhas contrastam com lojas

Pensando em como o Brasil é jovem
Voltando pra casa, para afugentar a saudade

sábado, 26 de maio de 2012

Desaba o mundo



Tempo, tempestade. Cinza, nostalgia. Terra, fertlidade. Semiárido, agonia. Desaba o mundo fora e dentro do peito. O sol foi embora, o riso foi também. Daqui a pouco ele volta. O que não volta é o tempo, que ficará para sempre travestido de lembrança. Chuva traz saudade, traz melancolia. Mas o sertanejo dançaria na chuva, pelo fim da espera, que de tão cruel parece eterna. Depois dessas poucas palavras, o sol já vem vindo ali, tímido entre nuvens, dissipando esse breve devaneio.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Saudades de mim



O espelho vazio. O papel em branco. A pena sobre a mesa. A tinta ressecada. Não há rastro pela sala, só do vento, só do tempo. O tempo que levou embora as horas e minutos, que fugiram a galope nos ponteiros do relógio. Tempo que passou e só deixou vestígios, e não palavras. Porque não houve tempo para colocá-las no papel. O mesmo papel que repousa sobre a mesa, a espera da pena, da tinta e de alguém que no espelho reflita essa triste saga da falta de mim.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Antes tarde



Eis que aos 45 do segundo tempo, dou o ar da graça. Último dia de janeiro, primeiro post de 2012. Qual a pena para o crime de abandono de blog? Seria a reclusão de ideias, pensamentos, fatos e acasos? Essa já foi paga, com juros e correção. Para me redimir, quero dizer que frente às escolhas inerentes a um novo ano, escolhi continuar com esse Caso Antigo. Janeiro foi um mês intenso. Já fiquei de férias, fui freelancer, subi e desci a serra de Angra dos Reis debaixo de chuva, fui e voltei de Salvador em memória das vítimas do Holocausto, resolvi ler o livro de uma testemunha ocular dos campos de concentração. Aliás, 'O Homem que venceu Auschwitz' deve me ensinar muito até a última página. Quero ser testemunha ocular das próximas páginas desse ano, compartilhando aqui cada palavra que saltar desse cotidiano imprevisível. Antes tarde do que mais tarde, felizes novidades para todos. Que sejam as melhores possíveis. Se não forem, que tragam lições preciosas para a vida. Compartilho com todos uma taça do legítimo Dom Pérignon, ainda que virtual. Welcome, 2012!