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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

domingo, 8 de julho de 2012

Rio+20. Missão cumprida (e comprida).


Por dez dias ininterruptos no mês de junho, o dicionário mundial parecia trazer apenas palavras repetidas e, por vezes, redundantes, porém, necessárias. Sustentabilidade, economia verde, empregos verdes, e por aí vai. Além de marcar os 20 anos da Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, quis olhar para um futuro a longo prazo, para as próximas duas décadas. Mais de cem chefes de Estado discursaram por horas a fio, centenas de eventos simultâneos se espalharam pelo Rio de Janeiro, palestras e debates intermináveis arrancaram até cochilos da plateia. Enquanto isso, eu e outros cerca de 4.500 colegas jornalistas do mundo todo fazíamos a cobertura desse megaevento. Numa perspectiva mais otimista, trabalhamos 12 horas por dia. Mas tudo em prol da missão que nos foi delegada: noticiar o que seria desenhado para as próximas gerações, pelo menos na teoria. Já era madrugada quando o chamado Rascunho Zero se tornou, oficialmente, o documento final da Conferência, processo liderado pelo Brasil no segundo tempo da prorrogação. Ainda era cedo quando a notícia da morte da tia Vi caiu como uma bomba no quarto do hotel, e de lá não saí por um dia. Já era noite quando deixamos o centro de convenções Riocentro pela última vez, com a sensação de dever cumprido, por mais piegas que essa expressão pareça. Agora, resta saber se os líderes mundiais vão fazer o dever de casa e diminuir a emissão de gases do efeito estufa, adotar novos padrões de consumo e erradicar, finalmente, a pobreza extrema, para que esta conferência não tenha sido apenas um capítulo de alguma história da carochinha, perdida no tempo e no espaço. Afinal, há quem diga que a Rio+20 foi um fracasso, que as expectativas foram frustradas, que tudo não passou de palavras demagogas que países ricos não assinam embaixo. Manifestações populares também tomaram as ruas do Rio para discordar de posições adotadas pelos países em 50 páginas de documento. Enquanto jornalista, acredito no poder da informação para instigar reflexões e formar opiniões e, enquanto cidadã, acredito na validade da Conferência para chamar a atenção global. Me orgulho de ter participado desse desafio em equipe. De ter testemunhado o mesmo movimento que meus pais vivenciaram na Eco 92, quando eu era só uma criança. De ter acompanhado de perto os rumos que o planeta está tomando nesse tripé que pretende dar mesmo peso ao desenvolvimento econômico, social e ambiental. Não posso prever os próximos vinte anos, mas de uma coisa eu sei. O Rio de Janeiro continua lindo.
Orla de Copacabana

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