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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pela estrada

Minha vida é andar por esse país, já cantava Luiz Gonzaga. Hoje, canto eu. Lema que tenho carregado nas últimas semanas, quando vou do sertão à neve, de cidades destruídas a Cúpulas cheias de protocolos, de hotéis de beira de estrada a pousadas na beira do mar. Essa foi a ocupação que escolhi. Seguir por aí narrando fatos. E haja fatos, sejam eles fatídicos ou nada factuais. Mas estão ali, prontos para serem apurados, escritos, noticiados. E eis o ofício do jornalista, levar essa informação quentinha ou requentada para os ouvintes, leitores, telespectadores, críticos, curiosos, seja lá quem for. Aqui tenho buscado narrar um pouco dos meus fatos, sem ter a pretensão de me tornar notícia. Aliás, por falar nisso, fiquei surpresa com o costume de colegas argentinos de entrevistarem os próprios jornalistas, de tê-los como fonte. Eu estava à espera da coletiva do presidente, atrasada em mais de uma hora, escrevendo no lap top, quando de repente, uma periodista loira se aproximou de mim com um gravador hablando español e fazendo preguntas. Meio sem jeito arrisquei meu portunhol, pois ela estava ao vivo numa rádio de San Juan. Logo depois, seu colega da Rádio Universidad veio até mim da mesma forma e ainda me passou para uma pergunta direto do estúdio. Pode? Pode. Cada lugar com sua peculiaridade, sua excentricidade, suas faces fáceis ou difíceis. Difícil também foi ver de perto a situação dos desabrigados de Palmares, cidade pernambucana que foi devastada pela enchente em junho. Esgoto a céu aberto, crianças descalças, combinação perigosa. Comida não faltava, nem para os cachorros, já que a empresa Pedigree se compadeceu dos vira-latas e doou uma montanha de sacos de ração. Motivo de risada para os desabrigados, já que os bichanos querem mesmo o arroz com feijão, como estão acostumados. Mas, se o que vale é a intenção, valeu Pedigree. Fora a fartura da comida, farta tudo, como diz o povo. Conforto, privacidade, saúde. Itens em completa escassez por ali. Mas para a Maria Veronilda, coordenadora do abrigo, não falta força de vontade e esperança. Como cidadã, ela dá uma lição de solidariedade. Está ali dedicando seu trabalho a vidas que realmente precisam. Como psicopedagoga, cria formas de entreter a criançada para que não fiquem ociosas e ansiosas o tempo todo. Valeu a pena conhecer pessoas como a Veronilda. Pois como também dizia Gonzaga, vou guardando as recordações das terras onde passei, andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei. Amanhã cedo embarco para Divinópolis, em Minas Gerais. De lá, sigo para Rondônia. Longe de casa, sigo o roteiro. Pra ver se um dia descanso feliz. E a saudade no coração.

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