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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Bocado seco

Queria fazer agora um texto alegre, brincando com palavras simples, boas de contar. Começo parodiando Milton, para dizer que até o simples é complicado. Aquele ponto percentual solitário da inspiração me deixa a ver navios nesse mar de terra do Cerrado. Não consigo pensar em mais nada a não ser no mar. Ou no rio, ou na chuva que, além de umidade, traz sempre um quê de melancolia e um fôlego novo para as palavras. Mas a seca assalta minha imaginação. Leva de mim até a última gota de pensamento. Deixa minha mente empoeirada. Tudo ao redor é sem cor, sem a vivacidade do verde. Só o ipê amarelo dá o ar da graça e, de graça, nos alegra o dia. Mas até o azul do céu se rendeu à névoa cinzenta e à fumaça densa que tanto incomoda os pulmões. A fartura de outrora, agora é escassez. É um bocado seco de ideias, que não passam de vãs repetições. Mas se o mar não vem me socorrer, a chuva há de cair e trazer de volta minhas palavras simples e complexas, meus textos alegres ou tristes, minha prosa, minha poesia. Enquanto isso, conto gotas de saudade, para não desperdiçar.

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