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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Lado A

No fundo de um armário sempre tem uma relíquia. Em meio à poeira, dentro daquelas caixas fechadas, empilhadas, esquecidas num canto, sempre tem algo que as faça valer a pena. Vasculhando uma dessas caixas empoeiradas, avisto uma fita cassete. Depois de longos anos de abandono, esperava o dia do resgate. Ao pegá-la, mal sabia eu que ali estava contida parte preciosa da minha herança. Rapidamente fui à sala e coloquei a fita para tocar. Vejamos o que tem no lado A. Eis que ouço a voz de Chico. Chico Buarque. "Não chore ainda não, que eu tenho uma razão pra você não chorar." Impossível, meu caro Chico. Esta coletânea gravada por meu pai foi apenas uma de tantas, que tomavam parte do seu tempo ali, sentado em meio a dezenas de LPs. Ele, como um hábil DJ, ia trocando os discos para gravar suas favoritas e poder ouvir no som do carro. E você Chico, foi um de seus preferidos. Suas letras cantaram a história de meu pai, e portanto, a minha também. A banda passou, e, como diz você, o que era doce acabou, para meu desencanto. Meu pai não está mais aqui para me surpeender com uma coletânea da boa música. Suspeito que esta dor, nem depois de velha, possa morrer, mas faço de minhas lágrimas um canto, afinal, a vida é boa para quem cantar. Olê olê olê olá! Mas te peço, Não fale da vida, nem fale da morte, tem dó da menina, não deixa chorar. Olê, olê, olê, olá!

Fato curioso: Certa vez atendi Chico Buarque no telefone. Sim, ele telefonou para a minha chefe, na época, uma renomada jornalista, e atendi, sem acreditar em quem estava do outro lado da linha. Meu pai gostaria de saber disso. Ia dar risada.

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