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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cristo, Redentor

Apesar de Tom Jobim ter citado o Galeão no Samba do Avião, não tem como aterrissar no Santos Dumont e deixar de cantarolar: "Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara." De longe se vê o Corcovado, o Pão de Açúcar, a ponte Rio-Niterói e todos aqueles cartões postais que todo mundo já está careca de ver, mesmo sem conhecer. O Rio de Janeiro apaixona pela sua grandeza. Foi ali que papai viveu os tenros anos de sua meninice. Falei como os autores de antigamente, eu sei. Mas esta é a verdade. Verdade também que quase nada sei da sua vida na infância e adolescência. Sei ao menos que teve um cachorro lindo chamado Argos, e que se naturalizou carioca desde que pisou ali pela primeira vez. E perpetuou esse jeito malandro de ser, no bom sentido. Na semana do seu aniversário, que seria hoje, 28/10, fui ao Rio pela primeira vez a trabalho. Visitei de Copacabana a Complexo do Alemão e Manguinhos, passando rapidamente por Realengo e Bangu, na zona oeste. Observando os cariocas, vi meu pai em muitas atitudes. Olhando a areia e o mar, senti que herdei mesmo essa paixão litorânea. Conheci finalmente a manjada escultura de Drummond no banquinho. Claro que tirei foto com ele, que não queria ser o poeta de um mundo caduco. Papai também não queria ser caduco. Viveu com intensidade sua jovialidade, enquanto pôde. Escolheu caminhos certos e caminhos tortos. Mas uma escolha prevaleceu, por Cristo. Guardo a Bíblia que ele usava na juventude, que a mamãe trocou a capa, pelo desgaste natural de tanto uso. Em uma das suas anotações, ele enfatizou um texto de Jó: "O que o Senhor dá, Ele mesmo pode tomar". Ele lhe deu a vida, e no tempo d'Ele, a tomou para si, para a Sua glória. Eternamente. Como dizem: se o lado avesso do céu já é tão lindo, imagina como será o direito!

Tenho saudades do seu senso de humor. No meu baú virtual achei este email que ele me enviou em 2005.

"O Bola (o cachorro) tá precisando de analista. O perturbado resolveu se apaixonar por um gato macho e ainda criança. Não larga o gato para mais nada, nem para latir para quem passa pelo portão. Vou ter que dar um sumiço nesse bichano antes que o Bola adoeça. Acho que ele confundiu o ditado e entendeu que quem não tem cão casa com gato."

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