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Jornalista, casada e amante das palavras. A pernambucana mais brasiliense de todas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Chuva...de terra...!

Quando o céu parecia anunciar a boa nova, a solução para parte dos nossos problemas, a alegria para nossos pulmões ressequidos, nada mais era que alarme falso. O que parecia ser nuvem, era névoa e terra, pura terra no ar. A coloração do céu ficou estranha, rosada, cobriu toda a esplanada dos ministérios. O vento forte trouxe a poeira estocada em toda parte. Hoje estou tendo uma visão panorâmica desse cenário, aqui do comitê do Palácio do Planalto. Mas espero ansiosa, assim como todos os colegas, ver chegar aquela tempestade, não de pó, mas de chuva, para encharcar a alma. Dizem que ela já está por aí, mas até agora não tive o prazer de sentir aquele cheirinho de terra molhada. Daqui a pouco espero voltar com boas notícias, e molhadas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Grande Belém

Ai, que dor na costa! Se você ouvir esta frase ou se alguém te oferecer açaí com farinha e camarão, risoto de jambu, maniçoba ou suco de cupuaçu com leite, ou se alguém, simplesmente, for muito gentil com você, sorria. Não, você não está na Bahia, mas em Belém, na Grande Belém do Pará. Muito se ouve falar em Grande São Paulo, Grande BH, Grande Curitiba, Grande Porto Alegre... Uma mania de grandeza só. Mas subindo um pouco mais o olhar no mapa, está a Grande Belém. Região Metropolitana que não perde para nenhuma outra. Trânsito caótico, muitas praças, avenidas, mercados, camelôs, feiras, shoppings. Prédios antigos misturados aos modernos. Terra de muita gente e de muita fartura, que o diga o Ver-o-Peso. De artesanato a porções do amor. De galo engaiolado a sacos com mil tipos de farinha, tudo a granel. O maior mercado a céu aberto da América Latina, com mais de 380 anos, é assim, tem tudo para todo gosto. Pena que, de passagem por lá, só pude sair com um imã de geladeira, por estrita falta de espaço na mala. Não fosse isso, teria voltado com alguns litros bem medidos de castanha e tapioca. A Estação das Docas, com seu palco deslizante, também é sensacional. Bom lugar para pegar uma brisa, ainda que morna, no fim de uma tarde escaldante. Lugar para ir com os amigos, para jogar conversa fora, ou para namorar. Não pude escolher nenhuma das opções, não desta vez. Mas valeu a pena conhecer um pouquinho da terra de grandes amigos, que fazem jus a este grande Pará, acolhedor, hospitaleiro, cheio de calor humano, a despeito do calor do sol. Agora já sei de onde vieram estas preciosidades que desembarcaram de mansinho no Planalto Central puxando o 's' e o 'n'. Estou para ver-o-peso de uma amizade como essa.




Ver-o-Peso, setembro de 2010

Verso da semana

"Não temas, crê somente." (Marcos 5-36b)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Notícias em tempo irreal

Quanta coisa aconteceu nesses últimos dias... Aqui no blog, não tenho conseguido seguir a linha de produção industrial do tempo real. Sigo num tempo paralelo, irreal, manufaturado, quase que artesanal. Longe do imediato, instantâneo. Sem manchetes do dia, mas talvez da semana. Faço aqui um parênteses. Enquanto finalmente consegui sentar para atualizar o blog, toca o interfone. Quem é? Sou recenseadora do IBGE. Pode subir! A moça, ágil com a maquininha, não quis nem entrar. Ofegante de tanto subir e descer escadas fez meia dúzia de perguntas e se foi, sem sequer aceitar um copo d’água. Pudera, entrevistar milhões de brasileiros não é fácil não. Fico pensando qual será o retrato do nosso país depois desse resultado. Crescemos em gênero, número e grau? Espero que tenha crescido, de fato, nossa dignidade. A propósito, me auto-declarei parda. Fecha parênteses. Continuo com os principais fatos da semana. Na última quarta-feira, conheci um dos cartões postais mais impressionantes da minha história até agora. Me encharquei dos pés à cabeça só de chegar perto das Cataratas do Iguaçu. A força daquelas águas, mesmo em tempo de estiagem, já foi capaz de lavar a minha alma ressecada dos últimos meses. Que lugar lindo, grandioso, que demonstra um pouquinho da criação de Deus. Ironia chamarem o ponto alto da visita de Garganta do Diabo. Na trilha de 1.200 metros pude ver muitos velhinhos corajosos, porém tentando se proteger com suas capas de chuva amarelas. Muitos hermanos do lado argentino, que vieram dar uma espiada do nosso lado. Um bote lá embaixo cheio dos turistas mais aventureiros, e um helicóptero sobrevoando. Opção de passeio pela bagatela de uns 170 reais por pessoa. Mas me contentei com os mirantes ao longo da trilha, até porque, não tinha tempo para essas regalias. Voltei rápido para trabalhar com a equipe. Um seminário de igualdade de gênero nos aguardava. Foi quando ouvi o presidente da república perguntar aos seus ministros se eram capazes de lavar suas meias e cuecas, arrancando risadas acanhadas da plateia masculina e aplausos da feminina. Este seria o primeiro de 5 eventos em Foz. Haja fôlego. Fechei 4 matérias e me mandei no dia seguinte para Porto Alegre, onde fui bem recebida pela chuva. De volta a Brasília, mantive o fôlego para cantar no coral, no dueto, e onde mais fosse preciso para agradecer a Deus por tudo o que Ele é. Agenda cheia essa. Trabalhei no feriado. E não só trabalhei, como madruguei no desfile de 7 de setembro. Às 6 e meia da manhã, lá estava eu na Esplanada e às 12h30, entrando ao vivo no jornal. Piegas ou não, sempre me emociono ao ver a esquadrilha da fumaça. Lembra minha infância, quando era levada pelos meus pais patriotas para assistir ao desfile. Hoje eu entrevisto esses pais que levam sua cria para conhecer de perto as Forças Armadas. Também entrevistei duas meninas, de 7 e 9 anos. Elas não sabiam muito bem para quê estavam ali, mas no futuro, quando se lembrarem daquele coração desenhado de fumaça no céu, saberão. Bem, trabalhei na quarta também. Fiz matéria sobre a federalização de crimes contra os direitos humanos. E nesse mesmo dia, o Irã resolveu dar uma chance a Sakineh, revendo sua pena. Esse também foi o dia da reinauguração da fonte da Torre de TV, totalmente reformada. Dizem até ser a maior da América Latina. Presente para a cidade. Enfim, consegui uma folga e estou aqui. Isso que dá ficar tanto tempo sem aparecer: Texto longo, muita informação, pouco conteúdo. Meus editores que não o vejam.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Chove Chuva!

Inauguro este mês no blog perguntando: Cê tem bruxove? Digo, Setembro chove? Quantas vezes já cai nessa pegadinha quando criança e dizia não. Não tenho bruxove! Mas hoje, respondo: espero que sim! Afinal, ninguém mais aguenta a secura que nos aflige a mais de 100 dias. Mas eu fui privilegiada esta semana. Pensei que não fosse respirar fundo aquele cheirinho de terra molhada tão cedo, mas aqui estou na molhada Porto Alegre. Nunca fiquei tão feliz em ver um asfalto ensopado e poças na rua. Prometo levar para Brasília um pouquinho dessa umidade, para sarar os pulmões dos meus conterrâneos. Quero crer que em setembro chove, sim senhor, e em breve vamos ter todos aqueles transtornos típicos da chuva. Lama, sombrinha quebrada, fim da escovinha, mas que delícia respirar um ar úmido. Vale todo o sacrifício. Até quando começarmos a clamar pelo céu azul sem nuvens de novo. Eis nosso maior defeito, reclamar de tudo, sempre. Por enquanto o protesto é este: Chove Chuva! Chove sem parar!